sábado, 11 de fevereiro de 2006

Retiro Espiritual: “ Vivenciar a Oração Eucarística”

Retiro Espiritual: “ Vivenciar a Oração Eucarística”

PARÓQUIA N. S. DO PERPÉTUO SOCORRO
Retiro Espiritual: “ Vivenciar a Oração Eucarística”
Pregador: Padre Antonio Donizete
Data: 11/3/2006 – sábado (8h às 17h35)
Local: Auditório Totus Tuus (Brasília-DF)
1. O evento teve início com a reza conjunta do terço, entre 8h e 8h40. Seguiu-se ligeira introdução com os avisos gerais, transmitidos pela Luzimar, e a apresentação feita pelo pároco da Igreja N. S. Perpétuo Socorro, Pe. Abdon Guimarães, incentivador da Escola da Fé.
2. O pregador do retiro, Pe. Antonio Donizete, redentorista, localizado em Goiânia-GO, iniciou lembrando a todos os participantes tratar-se de tarefa custosa a missão de fazer as pessoas rezarem juntas, observando momentos de concentração e de silêncio. A comunicação da nossa fé tem um grave problema, representado pela nossa falta de capacidade de separar os ruídos do conteúdo da fé. Frequentemente, nos chegam ao coração mais os ruídos do que o essencial – a barulheira é maior que o conteúdo da fé. Cabe, pois, esforço especial no sentido de educar melhor o conteúdo.
3. Leitura indicada: Isaías (50, 4-7):
“ O Senhor deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele que me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque seu que não sairei humilhado.”
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4. Vem a propósito, em tempo da Quaresma, a leitura do livro do Profeta Isaías, proclamada no domingo de Ramos, e nos recordando que todas as manhãs o Senhor no excita os ouvidos: é deixar Deus excitar os nossos ouvidos, a fim de que possamos ouvi-lo e perceber o que Ele tem a nos dizer. Somos uma cultura do barulho e, muitas, vezes, queremos competir e não deixamos Deus nos falar. É só lembrar o Evangelho de último domingo, proclamado por Marcos (9, 2-10), em que é mostrada a transfiguração de Jesus: Pedro, interrompe a conversão de Jesus com Moisés e Elias e propõe fazer três tendas. Pedro não sabia o que dizer e a voz do próprio Deus vem e diz para Pedro escutar: “Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz”.
5. A oração verdadeiramente cristã depende da nossa capacidade de saber ouvir. Presenciamos hoje a predominância da cultura do convencimento, cultura do marketing, com as suas técnicas e instrumentos poderosos de cooptação. Precisamos colocar-nos na atitude de diálogo com Deus na oração. Fazer o esforço e a tentativa de ouvir primeiro o que Deus tem para nos falar, de modo que nos diga o que quer dizer.
6. O Pe. Donizete convidou a assembléia a desenvolver um exercício de mais concentração: colocar-se cada um em posição confortável de repouso para orar, olhando fixamente para a luz da vela acesa no palco; fechar em seguida os olhos e sentir o corpo, desde o dedo do pé até o mais alto da cabeça.
7. Repetindo Isaías: O Senhor me excita os ouvidos e treina a minha língua. É preciso sermos inteiros. Vivemos num mundo profundamente fragmentado. Padecemos da necessidade de uma unidade interior e de fortalecimento da unidade da Igreja.
8. Foi destacado que a Oração Eucarística tem grandes momentos a serem vivenciados por todos nós, por toda a assembléia que participa da missa. Na prática, por falta de conscientização, são momentos mais de fracasso do que de exaltação, de verdadeira apoteose! O que fazer com essa oração singular, grande desconhecida da maioria das pessoas?
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9. Observa-se, frequentemente, uma falta de sensibilidade para a importância e beleza da Oração Eucarística com um todo, muitas vezes tida como longa e cansativa. Trata-se, na verdade, de uma fala inteira da Igreja, do seu coração, dirigindo-se a Deus em nome de toda a assembléia.
10. Na missa, até chegarmos à Oração Eucarística, Deus já falou por diversas vezes a todos nós, através de toda a Liturgia da Palavra. Na Oração Eucarística é a Igreja que fala à Deus, devolvendo a Ele tudo o que fez no mundo, a criação de tudo e da vida, tudo o que Ele disse ou pediu.
11. Vê-se que é dada pouca atenção à essência e ao conjunto da Oração Eucarística, no curso das celebrações. Foi lembrada a Carta do Papa sobre a eucaristia e , proximamente, a realização do 15º Congresso Eucarístico Nacional.
12. Cabe ver a Oração Eucarística como caminho da nossa espiritualidade. A idéia é, neste encontro, examinar e aprofundar a vivência da Oração Eucarística.
13. Antes disso, algumas idéias gerais para ter em conta. Vimos recentemente, na missas de domingo, o retiro de Jesus no deserto, segundo relato de Marcos, e anteriormente o batismo de Jesus, por João Batista; que era um homem do deserto e propagador da teologia popular. No batismo de Jesus, o Céu se abre e Deus fala:
“Tu és o meu filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.”
14. Após isso, o Espírito empurra Jesus para o deserto, com as três realidades: os demônios, as feras, os anjos. Jesus fica sabendo que o primo dele, João Batista, estava preso. É anunciado que o Reino de Deus está próximo. Restam: promover a conversão e acreditar.
15. O objetivo de hoje é examinar o capítulo 9 do Evangelho de Marcos.
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16. As multidões acorriam em busca de milagres e procurando fazer de Jesus o Rei todo-poderoso. Os capítulos 15 e 16 de Marcos veiculam grande crítica a duas coisas: aos discípulos, que não acreditam em nada, e todos aqueles que procuram Jesus em busca de milagres. Os discípulos não sabem quem é Jesus e ele proíbe a todos de dizer quem ele é. O leproso curado por Jesus também não sabe quem é Jesus e é igualmente proibido de falar. Só quem sabe quem é realmente Jesus são os demônios. A multidão que procura Jesus também não sabe de nada: todos querem eleger Jesus e fazê-lo Rei, desejosos de ver garantida a cesta básica para comer. Ver de novo a multiplicação dos pães. Presenciar os milagres.
17. O verdadeiro Milagre, para ajudar no problema de combate à fome, é tirar o que está escondido e dividir com os outros. Vimos o milagre da multiplicação dos pães: a criança tinha cinco peixes e cinco pães. O que falta é a partilha de verdade.
18. Ao final, o que se vê no Evangelho de Marcos (capítulo 15, versículos 37 a 39) é a afirmação da fé do centurião romano: “Jesus, então, dando um grande suspiro, expirou. E o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo. O centurião, que se achava bem diferente dele, vendo que havia expirado desse modo, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.”
Em síntese: o centurião se converte quando vê Jesus expirar.
19. Neste último domingo, na transfiguração, Jesus proíbe severamente Pedro de dizer o que viu no monte Tabor. De lá, podia-se ver o vale do Jordão, a terra mais fértil do mundo. A região desfruta da melhor atmosfera climática, excelente para produzir de tudo. Jesus havia feito o seu retiro no pior clima, no próprio deserto, e leva os discípulos (Pedro, João e Tiago) para o melhor, o Monte Tabor. Ou seja, para ele, o mais difícil, para nós, o melhor.
20. Vimos, na transfiguração, a fala azucrimadora de Pedro, obrigando Deus a interferir e mandar Pedro calar, a fim de ouvir Jesus. Santa Teresa: “Só Deus basta!”. A oração genuinamente cristã (católica, apostólica, romana) é aquela em que Deus consegue se mim tudo o que Ele quer.
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21. Ao contrário, para nós, o objetivo da reza é sempre conseguir de Deus o máximo que nós queremos.
22. Foi enfatizado que não dá para ficar longe ou livre do sofrimento. O sofrimento está ligado à questão da fidelidade ao Senhor.
23. O pregador, Pe. Donizete, lembrou dois testemunhos de jovens em Aparecida de Goiânia, no contexto da convivência em presídio de 500 presos:
no primeiro deles, eram dadas graças em relação ao pai violento, foi embora e deu sossego;
no segundo, o pai alcoólatra, violento, agressivo, era objeto de constantes orações da mãe, e foi sustentado na família, apesar de todas as suas deformações. (morreu de cirrose)
24. É preciso perseverar na fidelidade e na oração. Fugir da falsa paz. Jesus: a força da paz representada pela capacidade de expirar dizendo ao Pai para perdoar a todos, porque não sabem o que fazem.
25. Oração Eucarística: graça, bela graça. Evangelho: bela notícia, boa notícia. Eucaristia: graça bela. É preciso aprofundar o seu sentido, para receber a tradição da bela graça e se alegar com ela.
26. Estamos próximos da Páscoa: o ponto alto da vigília pascal é estar na comunidade, conviver com ela. “ Ó Deus como estupenda caridade: dar ao filho para a culpa dos servos resgatar. Agradecimento a Deus por Adão ter pecado.” Se não tivesse havido pecado, não experimentaríamos a graça do Redentor na cruz. Até o pecado pode ser instrumento da ação de Deus.
27. A Eucaristia é dar graças, até pela culpa do Adão. É bendição (oposto de maldição). Liturgia eucarística: bela graça, ação de graças. Ação de graças, ou seja, fazeção: é hora de a Igreja fazer graça.
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28. O Prof. Donizete, após alguns cânticos e, utilizando transparências, ampliou as explicações e reflexões, enfatizando a necessidade de fazer revisão sobre o jeito de viver e celebrar a oração eucarística, como oportunidade para a igreja fazer graça.
A oração eucarística é fruto da história de cerca de 4000 anos, desde mais de 2000 anos antes da vinda de Cristo. Nasceu nas orações do Antigo Testamento (Deuteronômio, Josué, Salmos, Magnificat, Cântico de Simeão, de Isaías.)
29. No primeiro milênio da Igreja, superadas as grandes heresias dos séculos III, IV e V, via-se que a oração eucarística era manifestada de forma diferente – ela era concebida com um todo, em sua inteireza.
30. É importante considerar a Oração Eucarística no seu conjunto, como um todo, tal como se vê na reprodução da apostila distribuída (Oração Eucarística IV).
31. Como se vê, ela é uma única oração, sem sua inteireza, compreendendo nove pontos e dirigida pela Igreja ao Pai. Não se trata, pois, de oração dirigida à assembléia, mas ao Pai. É o sacerdote se dirigindo a Deus, em nome de todos nós.
32. O Pe. Donizete mencionou o texto, também distribuído, de autoria da pesquisadora Ione Buyst, intitulado LITURGIA EUCARÍSTICA (ação ritual, teologia, espiritualidade, prática pastoral, Eucaristia, sacramento da unidade). Em seguida, foram feitas leituras do mencionado texto, item a item, a partir das raízes e mais especificamente em relação aos “elementos, estrutura e dinâmica das orações eucarísticas atuais do rito católico romano”, sendo:
Diálogo introdutório entre presidente e assembléia para suscitar a participação e pedir licença para falar em nome do todos e todas;
Prefácio: proclamação (agradecida, com o coração em Deus) da maravilhas realizadas por Deus ao longo da história da salvação, explicando os mistérios celebrados em cada tempo do ano litúrgico;
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Santo, Santo, Santo: une as duas assembléias, a celeste e a terrestre;
Pós-santo: retomando a proclamação;
Primeira epiclese (sobre o pão e o vinho): influência dos orientais no concílio Vaticano II: explicitação da atuação do Espírito Santo na liturgia;
Narrativa da última ceia (instituição): Esta narrativa está ausente de vários textos antigos. É uma espécie de “enxerto” (embolismo), recorrendo à autoridade das sagradas escrituras, reforçando a dupla epiclese, o duplo pedido para que o Pai envie o Espírito Santo para transformar os dons do pão e do vinho, assim como a comunidade, em Corpo de Cristo;
Aclamação memorial: “Eis o mistério da fé! Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.”
Memorial + oferta
Segunda epiclese (sobre os comungantes): nas liturgias orientais há, neste momento (após a narrativa da instituição e a anomnese), uma única epiclese com os dois pedidos entrecruzados em quiasmo literário e teológico. Assim, aparece de forma clara a “interação dinâmica entre os dois corpos de Cristo”, o corpo sacramental e o corpo eclesial. Pedimos a transformação do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo, para que, comendo e bebendo deste pão e deste vinho, sejamos nós como a Igreja, transformados (“transubstanciados”) em Corpo de Cristo. É por isso que a eucaristia é chamada de “sacramento da unidade.” Em última análise, o que faz a Igreja ser é a celebração da eucaristia: “nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração da santíssima eucaristia, a partir da qual, portanto, deve começar toda a formação do espírito comunitário.
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Daí a necessidade urgentíssima de se solucionar a falta
da celebração eucarística na grande maioria das assembléias
dominicais no Brasil. Não basta a distribuição de hóstias
consagradas e muito menos a adoração e outras devoções
ao Santíssimo Sacramento;
Intercessões: ampliam o pedido da segunda epiclese (epiclese dos comungantes): “que sejam um só corpo”;
Doxologia: síntese de toda a oração eucarística. Gesto de levantar o pão e o vinho: brinde ao Pai (“A ele toda a honra e toda glória”). Amém final: o amém é mais importante que a própria oração. Santo Agostinho: amém é nossa assinatura; sem ela, o “documento” não tem valor.
33. Foi dito, em resumo, que a oração eucarística é a oração do povo, dita pelo sacerdote. É momento de completa atenção, é hora de restabelecer aliança com Deus! Ela é a mãe, o coração da celebração eucarística.
34. Houve indicação de textos relacionados com o esforço das alianças com Deus: Livro de Josué (24, 2-14), Deuteronômio (26, 5-10), Livro de Neemias (9, 6-37) e Salmo 44.
35. Oração Eucarística é fazer graça para Deus: renovar a aliança com Ele. A Ceia pascal judaica é lembrança de tudo isso: tomar o alimento de Deus, lembrando os feitos de Deus e pedindo para continuarmos na aliança.
Intervalo: 10h30 às 10h55
36. É preciso ter em conta que os conceitos são limitados. Por isso, usamos os símbolos. Na celebração eucarística, o primeiro elemento decisivo é a assembléia, a comunidade comungante, participante e batizada. Ela é o Corpo de Cristo.
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37. Jesus está presente realmente na eucaristia. Jesus é a Palavra (leituras): palavra do Senhor; evangelho: palavra da salvação). A palavra acabou de acontecer, ela aconteceu no evangelho. Vem, em seguida, a homilia, com reflexão disso. Logo depois, temos a eucaristia, como restauração da aliança. A oração eucarística deve ser recuperada por nós como o diálogo de amor. “Deus perdoe-lhe a falta e restabeleça a relação.” João Paulo II: o povo deve entender o diálogo da aliança, resgate de uma relação com Deus. É a ação de colocar as pessoas na relação com o sagrado: tocar o sagrado e se deixar tocar pelo sagrado.
38. Sacramento: é Deus que entra na gente. Precisamos curtir a presença de Cristo na Palavra e na Eucaristia: “Anunciamos, Senhor, a Vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus.”
39. Prosseguindo na leitura do texto da pesquisadora Ione Buyst, o Pe. Donizete destacou algumas observações, a saber:
Prefácio: é a proclamação agradecida, feita com o coração, pelas maravilhas realizadas por Deus;
Santo, Santo, Santo: as duas assembléias se misturam, a celeste e a terrestre.
40. O Pe. Donizete retomou o tema da nossa fragmentação, insistindo em que somos pessoas fragmentadas, membros de uma assembléia também fragmentada. Alertou para a necessidade de curar a nossa dispersão. Com todos os participantes reunidos próximos ao altar na igreja, houve concentração para recolhimento de todos até o horário do almoço, às 12h30.
Intervalo para almoço: 12h30 às 14h10
41. Retomadas as reflexões do retiro, relembrou o Pe. Donizete os elementos da estrutura da oração eucarística, como os seus diferentes ritos. Foi feita recomendação dos seguintes livros do autor italiano Cesare Giraudo:
- “Num só corpo”; - “Redescobrindo a Eucaristia”.
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42. Prosseguindo: é preciso buscar um caminho de unidade, o caminho fundante da teologia: é como o esposo, no curso do seu caminho, querendo pegar de volta a esposa infiel (caminho da páscoa). Foi feita rápida descrição do caminho percorrido desde a cena do paraíso desfeito, com Adão e Eva, os filhos (Caim e Abel), etc. Tudo lembrando a tradição e a herança da estrutura da páscoa judaica, com a experiência dentro de casa. A celebração nossa na eucaristia é fruto da relação familiar, da experiência familiar.
43. A vivência da economia salvítica do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Foi referido que para os pentecostais a Bíblia é um livro revelado. Para os católicos a Bíblia é um livro inspirado e revelado por Jesus. Muitas das passagens ali descritas ficaram superadas com a vinda de Jesus Cristo. Jesus é a Palavra Viva!
44. Segundo Giraudo, no começo do Cristianismo a fé era aprendida na experiência de cada um. No primeiro século, a fé era buscada nas celebrações dos sacramentos (batismo, crisma, etc.). Mais adiante, a fé era aprendida e buscada na sala de aula (catequese), de forma racional.
45. A fé é experimentada no dia-a-dia, na convivência familiar. É preciso recuperar essa visão. A nossa eucaristia deveria possibilitar a convivência numa realidade de envolvimento duplo. É necessário voltar a cultivar as raízes.
46. Após alguns cânticos, foi recordado pelo Pe. Donizete que, no começo do dia, foi colocada para todos a possibilidade de busca de uma inteireza maior do nosso ser. Somos chamados a fazer a liturgia de ação de graças. Graça bela. Não dá para fazer graça bela se estamos fragmentados. O objetivo é, pois, a busca da unidade perdida. Para tanto, temos como base as cartas do Papa, instrumento valioso no sentido de recuperar a oração eucarística com um todo: ter em conta o pão e o vinho consubstanciados sem esquecer de toda a oração eucarística que o sacerdote leva ao Pai, em nome da assembléia. É, na verdade, um diálogo do Padre e da assembléia com Deus. A assembléia aceita o acordo novo e confirma com o Amém, formalizando a regra da aliança.
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47. Outro ponto: recuperar o direito de cada um da comunhão do pão e do vinho, disseminando, pelo menos aos domingos, a comunhão na duas espécies. Direito da Igreja: comer e beber!
Ver o novo Missal, com as adaptações introduzidas (pão azimo e vinho).
48. Procurar fugir da esperteza habitual do brasileiro, que procura pegar apenas o que interessa da fé. Ao contrário, tomar a fé por completo.
49. Corpo social: corpo eclesial e corpo sacramental. A função completa da eucaristia:
corpo sacramental – corpo eclesial – corpo social.
O pão transubstancial transubstancia a assembléia que transubstancia a sociedade. Nós somos templo do Espírito!
50. Indagado, o Pe. Donizete teceu comentários sobre a questão: “Como superar a idéia de que Deus é rancoroso e castiga?” Trata-se de tradição errada. A teologia do castigo foi eliminada pelo sacrifício de Jesus na cruz. A idéia do castigo está muito ligada ao Antigo Testamento. A partir da vinda de Jesus, com o Novo Testamento, a visão real é de que as coisas acontecem porque acontecem. Como eu reajo diante das atribulações? A oração tem poder, mas não nos tira da realidade do mundo.
51. As religiões muitas vezes vendem ilusões. O melhor da misericórdia de Deus não é o milagre, mas a fidelidade da graça.
Quem tem fé aproveita para lavar as vestes sujas de sangue das atribulações.
52. Dentro da oração eucarística, precisaremos grudar em Jesus na Palavra, na hóstia, em tudo. É preciso consubstanciar você, sua casa, suas mágoas, suas atribulações, fugindo das ilusões.
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53. É preciso transubstanciar o mundo: Deus na Palavra, Deus no pão e no vinho, nas pessoas, nas famílias, na comunidade.
São Paulo: não desperdice a graça de Deus que existe em nós.
54. Adotar o cuidado para não ficar murmurando ou blasfemando contra Deus.
55. A Igreja deve ser o local da experiência sacramental da relação íntima e amorosa com Deus.
Intervalo: 15h30 às 15h55
56. No retorno, foram dados breves avisos pela Luzimar, que antecipou a previsão de novo encontro com o Pe. Antonio Donizete nos dias 21, 22 e 23 de agosto, durante jornada bíblica (Apocalipse).
57. O Pe. Donizete retomou a palavra e condensou uma visão geral sobre a Oração Eucarística IV, em sua estrutura e dinâmica.
Oração Eucarística: o código da aliança. Destacou: além da transubstanciação do pão e do vinho, tem-se a transubstanciação eclesial e social.
58. Foi, por fim, relembrado a todos o começo da conversa de hoje com base do profeta Isaías:
“Todas as manhãs o Senhor excita o ouvido e adestra a minha língua.”
59. Encerrando a jornada do retiro, o Pe. Donizete convidou a todos os participantes para se deslocarem até a Capela São José. Lá, entre 16h30 e 17h35, e na presença do Santíssimo, desenvolveu oportunas e profundas reflexões sobretudo sobre a administração da nossa vida e do nosso cotidiano, à luz da espiritualidade e da força da graça misericordiosa de Deus.